Alice no País das Maravilhas


Olá amiguinhos;

Agora vamos passar para um poemazito de Lewis Carroll, dum dos seus livros mais populares: «Alice no País das Maravilhas». Aqui vem ele:

Nós deslizamos à vontade
 Na tarde que é dourada,
 Bracinhos remam de maneira
Mais que desajeitada
 Enquanto em vão mãozinhas fingem
Guiar nossa jornada.

Ah, trio cruel que, em tal momento,
 Num tempo encantador,
 Pede-me um conto e eu, sem alento
 Nenhum... — Que pode opor,
porém, uma única voz tíbia
 A um triplo “Por favor”?

Prima imperiosamente exige:
“Começa sem demora”;
Secunda é doce e quer que seja
Meio insensata a história;
Enfim, Tertia interrompe o conto
Somente a toda hora.

Faz-se o silêncio e elas já seguem
Como num sonho etéreo
A criança-sonho que conversa
Com bichos — é o mistério
Deste País das Maravilhas
Que levam quase a sério.

A inspiração se esvai: narrar
Drenou seu poço e, embora,
Quem fatigado a conta queira
Adiar um pouco a história,
“Mais tarde eu conto”, alegres vozes
gritam “Mais tarde é agora!”

Assim surgiu, evento a evento,
A história, lentamente,
Deste País das Maravilhas
Que está pronto. – Contente,
Toda a tripulação regressa
Ao lar sob um sol poente.

Alice! Aceita e deposita
No templo da memória,
Lá onde a Infância entrança sonhos,
Com mãos gentis a história:
Guirlanda murcha que um romeiro
Colhera ao longe, outrora.

FIM

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